ROTEIRO DAS ARTES | VALORIZAR, PRESERVAR E EDUCAR
GUARDIÃ DA ÁGUA
INSTALAÇÃO ARTÍSTICA DE YOLA VALE
INAUGURADA DIA 19 DE OUTUBRO DE
2019
A fonte luminosa instalada na
rotunda junto à Fonte das Três Bicas foi intervencionada por Yola Vale. Com o
nome de Guardiã da Água, a intervenção reflete sobre a problemática da
sustentabilidade e do ambiente. Diz a autora:
«Foi meu objetivo refletir a minha intervenção artística sobre a problemática da sustentabilidade e do ambiente. Centrando o foco no elemento ÁGUA, pretendi de forma conceptual convocar o sentido de reflexão sobre a importância deste elemento, sobretudo numa época em que as alterações climáticas resultam em períodos de seca cada vez maiores, celebrando assim este recurso de elevada importância. Através da forma e da cor, acentuei a ideia de movimento quebrando a monotonia do gesto simples em torno da rotunda e criando dinamismo e alternâncias, como de um oceano se tratasse.
«Foi meu objetivo refletir a minha intervenção artística sobre a problemática da sustentabilidade e do ambiente. Centrando o foco no elemento ÁGUA, pretendi de forma conceptual convocar o sentido de reflexão sobre a importância deste elemento, sobretudo numa época em que as alterações climáticas resultam em períodos de seca cada vez maiores, celebrando assim este recurso de elevada importância. Através da forma e da cor, acentuei a ideia de movimento quebrando a monotonia do gesto simples em torno da rotunda e criando dinamismo e alternâncias, como de um oceano se tratasse.
Os mais de
2000 módulos tridimensionais remetem-nos para um imaginário aquático, capaz de
transmitir a beleza da água, tanto na sua tranquilidade como na sua agitação.
Estes momentos, de serenidade e turbulência, são potenciados pelo contraste
cromático das peças. A linha
curva e ondulante pode remeter o espectador para as ondas do mar, para
elementos marinhos e zoológicos, como conchas, búzios ou mesmo peixes.
Tal como na
Mitologia Grega, com os Deuses Ponto e Gaia, a obra pretende ser um elemento de
ligação entre o mundo aquático e o terrestre de que o passeio, agora em basalto
negro, é referência.
Esta obra,
que intitulei “GUARDIÃ DA ÁGUA”, vai mais além do que um tributo ao elemento ÁGUA,
ela simboliza a união da natureza, do ser humano e do divino, pois desde sempre
o Homem teve necessidade de acreditar em algo superior, algo que a ciência não
explica, algo que o proteja dos males terrenos. No caso dos Deuses Gregos, eles
simbolizavam os anseios e os temores humanos.
Nesta obra
represento a escultura de uma NINFA da Mitologia Grega, de nome ARETUSA, protetora
das fontes e da água».
Lenda da Ninfa ARETUSA:
ARETUSA faz
parte do cortejo de ÁRTEMIS e, tal como ela, é avessa ao Amor. Um dia, após
uma caçada extenuante, decidiu banhar-se num rio límpido. Enquanto nadava
sozinha, ouviu uma voz vinda das águas: era ALFEU, o deus do rio. Este
abandonou o seu leito e perseguiu-a até que, sem forças, suplicou a ARTEMIS que
a salvasse. A Deusa, diante das poderosas águas de ALFEU, envolveu a Naíde numa
nuvem, transformando-a numa fonte. Em seguida a terra abriu-se e a Ninfa, assim
transformada, percorreu os seus subterrâneos e chegou a SIRACUSA, em Itália,
brotando na ilha de Ortígia, lugar consagrado a ARTEMIS.
Porém,
ALFEU, sem desistir de sua amada, embrenhou-se também na terra, vindo brotar
junto à Fonte da ARETUSA. Assim, o Deus rio uniu as suas águas às da Ninfa num
eterno enlace amoroso.
YOLA VALE
Yola
Vale nasce em Espinho em 1975. Licenciada
em Escultura pela Universidade das Artes de Coimbra, dedica-se à cerâmica
contemporânea desde 2001. Durante dois anos viveu e trabalhou em Cabo Verde,
onde, além de exercer a actividade de docente, tomou contacto com a realidade
artística do país. De regresso a Portugal, promove inúmeros cursos e workhops
de cerâmica.
Reside actualmente em Proença-a-Nova, onde, durante quase oito anos, foi
proprietária do espaço “Terra Cacau Galeria” - um local de arte, cultura e lazer, onde expunha a sua obra e a de outros
artistas.
Yola
Vale está representada no livro “500 Rakú — Bold
Explorations of a Dynamic Ceramics Techique”, da Lark Books, Nova Iorque. Foi
galardoada com o Primeiro Prémio “Tapeçarias Ferreira de Sá” na “4ª Bienal
Internacional Mulheres de Artes”, em Espinho, em Abril de 2017, tendo nesse
mesmo ano recebido ainda o Terceiro Prémio na “XIII Bienal Internacional de
Cerâmica Artística de Aveiro”. Foi igualmente premiada com o “Gold Prize” na “Ulsan International Onggie Competition”,
em 2009, na cidade de Ulsen, Coreia de Sul.
Em
Portugal está representada no Museu Cargaleiro/Coleção da Fundação Manuel
Cargaleiro, assim como em diversos museus e coleções públicas e privadas, em
Portugal e no estrangeiro.
Participa
regularmente em simpósios e bienais internacionais de cerâmica, tendo já realizado diversas exposições individuais e
colectivas, nomeadamente em Portugal, Espanha, Bélgica, Roménia, Coreia do Sul,
Cuba, República Dominicana e Rússia.
Acerca da sua obra
Desde a
sua formação académica, Yola Vale foi explorando diferentes técnicas,
trabalhando com diversos materiais, mas nenhum se adaptava plenamente às suas
mãos e às características que buscava nas suas obras. Demasiado rígidos ou
frios, as peças perdiam subtileza. Apenas a cerâmica acabaria por permitir o
desfecho criativo que procurava.
Especializou-se
em Rakú — técnica japonesa descoberta no século
XVI no Japão, pela família com o mesmo nome. Esta técnica está intimamente
associada à cerimónia do chá e ao budismo zen. As peças são retiradas do forno
ainda incandescentes, transformam-se e assumem uma linguagem única, através de
um acabamento impossível de controlar na totalidade.
Para a
artista, existe algo de sagrado e intemporal no trabalhar desta técnica. Com o
Rakú, Yola Vale cria objetos, esculturas, murais e obras públicas.
Em
2013, o trabalho da artista assiste a uma mudança estética e filosófica.
Yola
Vale concebe uma série de murais de grande formato, a que intitula de
“Fragmentos Suspensos”.
Excluindo
os registos figurativos e pondo de lado os formatos tradicionais dos painéis
cerâmicos, a artista cria superfícies orgânicas e geometrizadas, onde cada
elemento ocupa um espaço específico e a sua ausência desequilibraria todo o
conjunto.
Yola
Vale elabora formas simples, organiza-as em sequências modulares com
sensibilidade e ritmos próprios, cria vazios inesperados, quebra e rasga a
matéria e tenta definir uma nova linguagem no modo de fazer e compreender a
cerâmica.
Os seus
pontos de partida são os mais variados possíveis, buscando inspiração nas
viagens ou simplesmente na natureza. Inquieta-se com os problemas do mundo
atual, refletindo e procurando materializar as suas dúvidas e preocupações no
próprio trabalho.