Rua Padre Manuel Alves Catarino


Capitão-Capelão Militar.
Condecorado com o oficiliato de Avis por serviços distintos, com louvor, medalha de comportamento exemplar e medalha jubilar do Imperador da Áustria, Francisco José.

"Êste opúsculo só tem um mérito - o muito amor que tenho à minha terra. E quem sabe se terei a boa fortuna de despertar o entusiasmo de qualquer dos meus patrícios para obra mais valiosa? Traga energia, boa vontade e paciência e não lhe faltará assunto; e eu julgar-me-ia feliz se abrisse o cabouco para essa obra".

Do Prólogo escrito pelo autor na monografia do Concelho de Proença-a-nova. Monografia do Concelho de Proença-a-Nova,1933.

Esboço auto-biográfico

"Filho legítimo de Manuel Alves Catharino e de Joaquina de matos, nasci na povoação do Pergulho, freguesia de Proença-a-nova, em 22-2-1868.
Fiz os meus estudos, com favorecidas classificações, no seminário de Portalegre, recebi a Ordem de Presbítero em Setembro de 1890 e celebrei a 1.ª missa em cinco de Outubro do mesmo ano.
Em 1892, depois de ter paroquiado, durante 18 meses, a freguesia de Penha Garcia, fui nomeado professor primário de Escalos de Baixo.
Em 6-11-1896 fui nomeado capelão-militar - lugar que exerci em Lamego, Alcobaça, Setúbal e Lisboa, até 1932 em que passei à situação de reserva.
A imprensa elogiou-me frequentes vezes como orador sagrado e castrense, mas deve ser boato, porque a-pesar das distinções do meu curso teológico, de ter feito exame de concurso para pároco, duas vezes aprovado em exame de pregador, dos tais elogios oratórios e de ter mais de 60 anos de idade, foi-me posto este dilema: ou dás como inexistentes os teus exames e fazes exame de pregador ou não pregarás mais!
Donde concluo que as distinções eram de favor, os exames sem valor e os louvores indevidos, e, como já estou velho para exames, preferi espetar-me no segundo bico do dilema.
Seja-me permitida a imodéstia de publicar, ao acaso, quatro referências jornalísticas à minha pessoa, como prova do que afirmo.
Do Comércio de Portalegre de 21-5-890: "No seminário ouvimos um eloquente sermão pregado pelo ..... aluno do 3.º ano teológico, Manuel A. Catharino, de Proença-a-nova.
É positivamente um orador este ... rapaz. O seu discurso, belo sob o ponto de vista literário, foi sobretudo o produto de um temperamento vibrante e impressionista.
Poucas vezes temos ouvido derivar do púlpito eloquência tam nobre e tam comunicativa. De uma limpidez cristalina, era acessível a todas as inteligências, sem contudo ter nada de vulgar. Percebia-se, mais do que isso, sentia-se.
Está ali alguém que muito pode honrar a nossa pobre eloquência sagrada, o melhor artifício da palavra, onde já hoje ocupa um lugar de honra.
e obrigado enfim pela belíssima hora que nos fez passar e que não mais esqueceremos".
Após o sermão o snr. Bispo da diocese, que me ouviu, mandou-me cham,ar para me felicitar, e doutras pessoas, entre as quais o snr. Dr. Trindade Coelho (pai), recebi também felicitações.
Do Lamecence em dezembro de (1898?): "Ao envagelho subiu ao púlpito o ... orador sagrado, P.e Catharino, capelão do regimento de infantaria 9.
O sermão de ... orador ultrapassou a expectativa que criara já em duas orações felizes.
Espírito verdadeiramente moderno, sem excluir a unção envagélica; alma enflorada da mais tocante e empolgante poesia; manejando com destreza e vernaculidade a linguagem, sempre elevada e cheia, no seu sermão de santa Cruz, o ... orador teve um verdadeiro triunfo.....e a sua elocução, vivificada por uma nobre originalidade, pode desde já colocar o rev. P.e Catharino a par dos mais distintos oradores que temos ouvido. É bem aquela eloquência que desagrura a existência de quem a ouve e entende.
Ao.... orador as nossas felicitações".
Do mesmo jornal de 8-6-899.
"Nesta festividade (na capela da Graça) pregou o laureado orador snr. p.e M. A. Catharino, tomando por tema os destinos da mulher na sociedade cristã.
Superior na concepção filosófica do seu explêndido discurso, ostentando a maior pureza e riqueza de linguagem, a espaços uma grande alma de poeta a perfumar a lógica empolgante de que é consumado manejador, o snr. P.e catharino confirmou magnificamente os créditos que grangeou entre nós.
Foi um sermão por todos os títulos notável - doutrinário e eloquentíssimo".
Do Diário de Lisboa de 25-10-928.
"... proferindo o capelão da unidade, capitão Catharino, uma alocução patriótica, alusiva ao acto (comemoração do 291.º aniversário da tomada de Lisboa).
"Palavras de fé, preferidas com o entusiasmo que só um patriotismo e uma crença verdadeiros podem inspirar, a oração do capelão de caçadores 7 foi, em síntese, um brado de eloquência rara dos que perduram.
E basta de transcrições não vá eu inchar como a rã da fábula, pensando que isto correspondia à verdade. Não, não correspondia, porque, se assim fosse, nem o Prelado de Portalegre mandaria um aluno distinto e com faculdades oratórias brutalizar-se em Penha Garcia, nem, mais tarde, outro Prelado tomaria como não existentes dois exames de pregador e o exame de concurso para pároco, por terem sido feitos antes da promulgação do novo Direito Canónico.
Classificações, louvores...tudo boatos...boatos...fumo...nada... Um urso que não passava dum desafinado flautista. Precisava dizer isto para que, mais tarde, alguém, lendo os jornais da época, não me enfeite com louros que não me pertencem".

Monografia do Concelho de Proença-a-Nova